quinta-feira, 15 de maio de 2014

UM ROTEIRO PARA SEGUIR OS ÚLTIMOS PASSOS DE JIM MORRISON

Para a legião de fãs de Jim Morrison visitar o Cemitério de Père-Lachaise, em Paris, é um grande sonho, quase um dever de peregrino, como o muçulmano que deve ir a Meca pelo menos uma vez na vida. Afinal, lá repousa James Douglas Morrison, poeta e líder de uma das maiores bandas de todos os tempos: The Doors.

Jim Morrison buscou refúgio na capital francesa em março de 1971. Ele queria uma vida mais calma, anônima, para poder escrever suas poesias em paz. Tinha decidido deixar de ser um "rockstar". A celebração quase religiosa em torno de sua imagem estava consumindo esse jovem de apenas 27 anos. Ele também queria se afastar do processo que era movido contra ele em Miami, Flórida, por causa de tumultos em um show dos Doors em 1º de março de 1969.

Já em Paris, ele fez uma reveladora confissão aos amigos Hervé Muller e Yvonne Fuka:

"Eu estou tão cansado de tudo. As pessoas continuam pensando em mim como uma estrela do rock and roll e eu não quero ter mais nada a ver com isso. Eu não aguento mais isso. Eu ficaria muito feliz se as pessoas não me reconhecessem. Quem eles pensam que Jim Morrison é, afinal?"

Paris fascinava Jim, da mesma forma que fascinou os expatriados norte-americanos nos anos 1920. Intelectuais, escritores, poetas, pintores dentre outros foram viver na Paris dos "anos loucos", período entre os anos que separam as duas Guerras Mundiais. Paris exalava pelos poros uma efervescência cultural e uma vanguarda comportamental sem igual no mundo. Ernest Hemingway chamou a Paris da época de "a moveable feast", (uma festa em movimento).

Jim com Hervé Muller em Paris, junho de 1971.

Jim esperava encontrar essa Paris literária, poética e fecunda. Planejava morar na cidade. Infelizmente ele não conseguiu realizar seus projetos, morreu em Paris, em 3 de julho de 1971. Ele supostamente morreu em sua banheira, em seu apartamento no bairro parisiense do Marais. Não vou entrar na questão das causas de sua morte e das polêmicas depois dela.

Nesse "post" pretendo escrever um pequeno guia para aqueles que sonham em visitar seu túmulo no Père-Lachaise e também percorrer os locais por onde Jim passou entre março a julho de 1971.

Um dos quadros favoritos de Jim era "Os Jardins das Delícias", do pintor flamenco Hieronymus Bosch, que pertence ao Museu do Prado, em Madri. Portanto, ao chegar na Europa uma das primeiras coisas que Jim fez foi visitar a capital espanhola. Ele era fascinado pela obra de Bosch.


"Jardins das Delícias, Bosch, 1504" Museu do Prado, Madri.


Depois de Madri, Jim foi a Granada, depois alugou um Renault 4 e foi para a Andaluzia, no sul da Espanha. Lá, na cidade de Algeciras, ele pegou um "ferryboat", cruzou o Estreito de Gibraltar e foi para a cidade marroquina de Tânger. Lá se hospedou no famoso El Minzah Hotel, que já teve um sem número de hóspedes famosos, como Winston Churchill em 1942. Jim ficou no quarto 328, o mesmo onde Churchill ficou.


Travessia do Estreito de Gibraltar, ao fundo o porto de Tarifa, Espanha.


Hoje em dia a travessia parte da cidade de Tarifa, próxima a Algeciras. Tânger havia abrigado anos antes os escritores "beatnicks" Jack Kerouac, William Burroughs, Allen Ginsberg e Paul Bowles. Todos eles eram do interesse de Jim.



El Minzah Hotel, em Tânger, Marrocos.



Quarto 328 do El Minzah Hotel, onde Jim ficou em 1971.



Depois de andar pelo Marrocos e ver o deserto Jim então retornou a Paris. A cidade o maravilhava. Ele andava pelas mesmas calçadas e bebia nas mesmas "brasseries" onde Oscar Wilde, Baudelaire, Rimbaud estiveram antes. Na cidade ele tentou escrever. Um dos locais prediletos de Jim em Paris era a "Place des Vosges". A praça belíssima é um dos tesouros parisienses, aqui morou Victor Hugo, e aqui Morrison escreveu vários de seus últimos textos.



Place des Vosges, Paris.



A "Place des Vosges" fica no bairro do Marais, bem próximo ao apartamento de Jim, na margem direita do Sena, em Paris. Local de peregrinação dos fãs o apartamento fica no terceiro andar, no número 17 da Rue de Beautreillis. Estive lá em três ocasiões diferentes e entrar no prédio é bem difícil. Os moradores estão fartos dos turistas e suas histórias. Nunca consegui entrar lá.


Prédio na Rue de Beautreillis, 17, onde Jim morou em Paris.

Antes de falar do túmulo de Jim no Père-Lachaise, vou listar alguns locais onde ele esteve em Paris, e que podem interessar ao fã que deseje fazer um "roteiro morrisoniano" pela cidade.

Jim se hospedou em dois hotéis na cidade antes de ir para o apartamento: o luxuoso George V, até hoje na Avenue George V e o modesto Hotel Beaux-Arts, no número 4 da rua de mesmo nome. Jim detestou a soberba do George V e o chamou de "prostíbulo vermelho de luxo". Hoje em dia no lugar do Beaux-Arts funciona uma galeria de arte.

No Boulevard Saint-Germain existem alguns lugares de interesse do fã de Jim. A Brasserie Lipp, que ele adorava, é um deles, o Cafe de Flore, outro. Quase ao lado da Lipp, no número 153, ficava o Bar L'Astroquet, que não existe mais, hoje funciona um hotel no lugar.  Os porres dionisíacos de Jim no Astroquet se tornaram lendários. Jim também frequentava o mítico La Coupole, no Boulevard Montparnasse.

Na Rue Saint-Andrés des Arts, número 61, funciona o The Mazet, local onde Jim foi visto com vida pela última vez, em 1º de julho de 1971. Um fã norte-americano o reconheceu. Na época o bar se chamava "Le Mazet".

O "The Mazet", último local em que Jim foi visto com vida, em 1º de julho de 1971.


Na Rue de Seine número 57 funcionava a boate "Rock 'N Roll Circus". Existe uma teoria controversa de que Jim teria morrido na boate e depois levado para o apartamento, na madrugada de 3 de julho. A boate não existe mais.


Rue de Seine, 57: aqui funcionava o "Rock N Roll Circus", o bar rock na Paris de 1971.


Poucos dias antes de morrer Jim Morrison havia visitado o "Cimetière du Père-Lachaise" (http://www.pere-lachaise.com) e se impressionado com o lugar. Mencionou ao amigo francês Alain Ronay que gostaria de ser enterrado lá, um dia.  O maior cemitério de Paris data de maio de 1804 e na época os parisienses o consideravam muito distante da cidade. O nome do cemitério é uma homenagem ao Padre Lachaise, confessor do rei Luís XIV.


Entrada principal do "Cimetière du Père-Lachaise".

O cemitério abriga muitos túmulos famosos. Além de Jim estão enterrados aqui Oscar Wilde, Marcel Proust, Balzac, Moliere, Edith Piaf, Delacroix, Modigliani, Chopin dentre muitos outros.

O túmulo de Jim é de longe o mais procurado no cemitério e, diz a lenda, a quarta atração mais visitada de Paris. Jim foi enterrado aqui na tarde do dia 7 de julho de 1971, com um contrato de 30 anos do jazigo. Desde o anúncio de sua morte seu túmulo passou a atrair multidões de fãs e curiosos. As pessoas costumavam pichar as lápides, indicando o caminho até Jim. Eram comuns festins regados a álcool e drogas e aconteceram muitas depredações.


Aspecto do túmulo de Jim em 1972, ainda sem lápide.


Tudo isso incomodava sobremaneira os familiares dos túmulos vizinhos de Jim e a administração do cemitério.  Em 1981 o artista croata Mladen Mikulin esculpiu um busto de Morrison, que foi colocado em sua lápide. A escultura era em mármore e pesava 280 kg. Os fãs passaram a arrancar pequenos pedaços do busto como "souvenir". Finalmente, em 9 de maio de 1988, o busto foi roubado.

Os incidentes envolvendo fãs de Jim no cemitério continuaram a acontecer. Entretanto, em 3 de julho de 1991, data que marcava os 20 anos de sua morte, aconteceram os piores e mais graves tumultos. Durante todo o dia centenas, milhares de pessoas ficaram no túmulo, o cemitério estava lotado. Os funcionários tentaram fechar o cemitério no começo da noite e os fãs não permitiram.


Fãs se aglomeram na porta do Père-Lachaise, em 3 de julho de 1991. (Foto de Michelle Campbell)


A coisa acabou como uma batalha campal entre os fãs e a polícia. Muita depredação, carros incendiados e prisões. Algo que Jim, sempre tão desobediente, aprovaria. Essa data marcou a mudança da postura da administração do cemitério e da polícia com os fãs de Jim.


Tumultos no cemitério em 1991: como Jim diria: "sem limites, sem leis". (Foto de Michelle Campbell)

                             Vídeo feito no Père-Lachaise em 3 de julho de 1991, nos 20 anos da morte de Jim.


Desde então existe muita vigilância no túmulo de Jim. Funcionários do cemitério e policiais fazem rondas constantes. Os fãs mais afoitos sempre pulam as grades que protegem o túmulo e isso quase sempre acaba em confusão.


Os transgressores são ameaçados com prisão e multa ao pular a grade.



Grades protegem o túmulo de Jim, foto de 2011.



Em 3 de julho de 2001 expirou o contrato do jazigo no cemitério. Familiares dos túmulos vizinhos organizaram um "abaixo-assinado" pedindo que o contrato não fosse renovado e que os restos de Jim fossem removidos para outro local. Entretanto a prefeitura de Paris não os atendeu e renovou o contrato por mais 30 anos. O motivo claro é que Jim Morrison ainda atrai muitos fãs, turistas, e estes gastam muito dinheiro na cidade. Jim vai permanecer em sua amada Paris.

Claro que ir ao túmulo de Jim requer do fã de verdade a mesma rebeldia. Sendo assim esse fã vai pular a grade. Fiz isso nas 3 vezes em que estive lá. Minha dica é chegue o mais cedo possível. Paris, a cidade mais visitada do mundo, vive alta temporada de turistas o ano inteiro. O Père-Lachaise também.

Chegue bem cedo ao cemitério, fique por perto do túmulo, certifique-se que a ronda dos funcionários e policiais passou (alguns turistas camaradas podem dar essa informação) e não tenha dúvida: pule a grade. Esse ato é quase uma resposta ao clamor de Jim: "Break On Through", Atravesse para o outro lado.


Vosso blogueiro em "flagrante delito" no túmulo de Jim Morrison. Foto de 2011, nos 40 anos de sua morte.


Faça suas fotos rapidamente e pule de volta o mais rápido possível. Coisa de uns 5 minutos. Nas minhas visitas eu nunca fui "pego em flagrante", mas como nas 3 vezes os policiais vieram direto em minha direção eu acho que fui "dedurado". Em uma das vezes eu estava com um celular tocando músicas dos Doors, num volume baixo, e bebendo meu Jack Daniels. Outros fãs mais entusiasmados chegaram a pedir que eu tocasse determinadas músicas da banda. A policial que veio não gostou nem um pouco. Tomou minha garrafa e claro tive de desligar a música aos berros dela. Uma dica: se for beber mantenha a garrafa em um saco de papel pardo. Eu estava um tanto excitado e me descuidei dessa regrinha básica.


Minha rebeldia influenciando as pessoas.



Mas tudo vale a pena quando se visita Jim Morrison. Ele com certeza aprovaria meu comportamento e o incentivaria. Engraçado ver que muitos dos outros fãs que não tiveram a coragem em pular a grade ficam olhando para você com uma nítida admiração, quase inveja. Mas alguns criam coragem e pulam logo depois de você.

Depois percorra o cemitério e veja os outros túmulos. Na saída não deixe de fazer uma pausa na Brasserie Le Père Lachaise, que fica exatamente em frente da entrada principal do cemitério. Brinde às suas aventuras com uma boa cerveja belga Hoegaarden e prove os deliciosos camarões flambados no cognac da casa. A decoração é cheia de fotos de alguns dos famosos "moradores" do cemitério, mas existe um canto com grande destaque para Jim, com várias fotos dele, quase um santuário.

A simpática Brasserie Le Père Lachaise, perfeita para uma gelada depois da aventura "morrisoniana".


Morrison vivia na "terra dos livres", ou como ele mesmo sempre dizia: "Eu quero a liberdade de experimentar tudo, sem limites, sem leis. Eu não sou louco, estou interessado em liberdade".

Sendo assim se você é fã de Jim Morrison, e planeja visitá-lo em sua última morada, mantenha a chama da rebeldia acesa, "teste os limites", "atravesse para o outro lado", "monte a serpente"...

E, bon voyage... E se você é fã mesmo deu "aquela vontade" de ouvir Doors, certo? Bom, ouça alguns dos clássicos da banda no meu vídeo de minha primeira visita "morrisoniana" em 2011, nos 40 anos de sua morte.

Enjoy... e depois, claro, deixe suas impressões e opiniões nos comentários.








terça-feira, 28 de janeiro de 2014

POR QUE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (AINDA) NOS FASCINA TANTO?



Essa é uma questão interessante, que divide especialistas e leigos. Como algo tão brutal e sanguinário pode servir de “hobby” para alguns? Como isso pode acontecer com uma tragédia humana que matou mais de 50 milhões de pessoas e deixou o mundo em ruínas? Muito se falou sobre o tema, teorias e teses filosóficas tentaram explicar esse nosso “mórbido interesse”.



O mapa da Europa em guerra em 1942. A Alemanha de novo lutando em 2 frentes.



Curiosamente o mesmo não ocorre com outros conflitos na História. Basta uma pesquisa rápida para se descobrir que existem milhares, dezenas de milhares de livros sobre a Segunda Guerra Mundial. E mais de 70 anos depois do início do conflito eles continuam a ser escritos.  

Uma coisa que me parece inegável é que, talvez, a Segunda Guerra tenha sido a última guerra romântica. Havia uma noção difundida entre as pessoas de que era uma guerra justa, o bem combatendo o mal. Será mesmo? Ainda existe muita controvérsia sobre isso, e particularmente me assusto com os chamados “revisionistas” que pretendem fazer uma releitura um tanto fria da questão e das conseqüências diretas dela, como, por exemplo, o holocausto de 6 milhões de judeus.

As pessoas nos anos 1940 tinham inegavelmente uma grande esperança no futuro. Existia uma crença em um mundo melhor. Esperança essa que acho que nos falta hoje. Penso que vivemos hoje a “era das ilusões perdidas”. E isso é doloroso. Talvez por isso as pessoas busquem refúgio num individualismo exacerbado.

Mas voltando ao tema, alguns dizem que o motivo do fascínio era a rara presença de tantos líderes nacionais tresloucados, como o alemão Hitler, o italiano Mussolini, o russo Stalin e o nipônico Tojo. Pode ser, mas o mundo continua a produzir seus “Saddam’s, Kadafi’s, Bush’s e demais malucos”, infelizmente. E isso nem sempre é motivo de júbilo.

Seriam as batalhas épicas da II Guerra a razão do frenesi? As batalhas da Inglaterra, Guadalcanal, Stalingrado, Dia-D, do Bulge, Iwo-Jima ou as grandes batalhas navais no Pacífico foram tão diferentes das batalhas da Guerra do Vietnam, ou da Guerra do Golfo? Sabemos que a guerra é estúpida, imoral, violenta e mortal, mas ainda assim não conseguimos nos afastar dela.



O excelente filme "Pearl Harbor". Apesar do canastrão Ben Affleck.


Lembro-me bem, quando do lançamento do filme “Pearl Harbor”, em 2001, aquela bela história que Ben Affleck tentou destruir com sua habitual canastrice, que houve um debate parecido, muito se comentou sobre os sucessivos lançamentos de filmes sobre a II Guerra. Nunca me esqueci de ter lido uma frase genial numa revista: “a segunda guerra nos prende e não nos deixa ir”. 

No começo dos anos 2000 diziam que os heróis da II Guerra estavam morrendo e seus filhos e netos queriam compreender melhor o que se passou.  Por isso tantos filmes e séries de TV sobre ela. Em 1998 foi lançado talvez o melhor filme de guerra de todos os tempos: “O Resgate do Soldado Ryan”. No mesmo ano de “Pearl Harbor”, 2001, a dupla Steven Spielberg e Tom Hanks produziu a monumental série “Band of Brothers”, baseada no livro de Stephen E. Ambrose. E em 2010 voltaram ao tema, desta vez com “The Pacific”.


Band Of Brothers: quem sangra comigo é meu irmão.


Um dos exercícios prediletos dos aficionados no conflito é perguntar “e se?”. “E se Hitler não tivesse invadido a União Soviética e lutado em 2 frentes, repetindo o erro histórico da I Guerra e de Napoleão”? “E se o III Reich tivesse vencido a guerra, como seria o mundo hoje”? “E se Hitler escapou vivo”? 

Esses e tantos outros exercícios de adivinhações e elucubrações perseguem muitos. Não me lembro de ter visto um livro que perguntava “e se Napoleão tivesse vencido em Waterloo”?



Todos os anos ocorrem festividades no aniversário do Dia D. 



Todos os anos, durante as comemorações do Dia-D, ocorrido em 6 de junho de 1944, em toda a região da Normandia francesa ocorrem festividades lembrando a data. Centenas, milhares de fãs se vestem com fardas da época e participam de simulações das batalhas. Quem foi a Europa sabe que a Segunda Guerra ainda é muito presente na vida das pessoas, na França principalmente. Os povos que foram invadidos e dominados pelos nazistas não se esquecem dos dias de agruras e dos Aliados libertadores. 

Uma garantia de que ainda teremos muitos lançamentos de novos livros com essa temática é que ainda falta muita coisa para vir a público. Muitos documentos das nações envolvidas ainda estão arquivados com a classificação de “top secret”. Os historiadores terão muita coisa para se debruçar num futuro breve. E nossa compreensão da guerra ainda pode mudar, afinal a História é ciência viva.

O lado alemão da história permanece imerso em certo mistério. O povo alemão passou décadas do pós-guerra ignorando o tema, um grande tabu para eles. Como os alemães permitiram as atrocidades nazistas? Era o que a pensadora austríaca Gitta Sereny chamava de “o trauma alemão”. Nos últimos anos isso tem mudado, os alemães têm revisto essa postura, principalmente as gerações mais novas têm buscado expiar sua culpa e entender melhor o seu passado.

Sabemos que a História é escrita pelos vencedores, mas no caso da Segunda Guerra muita coisa ainda será escrita. E ela ainda continuará a fascinar as pessoas. Apesar de parecer paradoxal essa “paixão” que a guerra causa pode ter relação com o desejo de que algo assim nunca se repita, afinal devemos conhecer e entender o passado para evitar que ele se repita no futuro.

De minha parte também existe uma devoção a todos aqueles jovens que perderam suas vidas no maior conflito humano da História. Devemos sempre reverenciar esses heróis. Por isso, milhões de pessoas visitam todos os anos os principais locais das batalhas na Europa. 

E você? O que pensa sobre o assunto? Dê sua opinião e deixe seus comentários.

Forte abraço do Falcon.

domingo, 26 de janeiro de 2014

RUBEM BRAGA E OS AMIGOS...

Gostaria de transcrever um trecho de uma crônica do genial Rubem Braga. Poucos cronistas conseguiram o grau de lirismo ao relatar o cotidiano, a vida simples e nossas agruras do coração como o "velho Braga". Tudo isso num estilo seco, conciso, direto e estóico que me remete a Ernest Hemingway.
A crônica tem o sugestivo nome de "A Companhia dos Amigos" e foi lançada originalmente no livro "O Pé de Milho" que data de 1945.



Nela Rubem narra uma partida de futebol entre amigos na praia, uma tradicional "pelada",onde moradores de Copacabana enfrentam os de Ipanema e Leblon.
Os times eram compostos por grandes figuras de nossa cultura como Vinicius de Moraes, Di Cavalcanti, Orígenes Lessa, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Joel Silveira, Sérgio Buarque de Hollanda, Afonso Arinos, Carlos Drummond de Andrade dentre vários outros. Todos amigos. Que geração incrível essa.
Após narrar as peripécias da partida Rubem fica observando os 30 amigos e amigas e conclui:
"Depois mergulhamos na água boa e ficamos ali, uns 30 homens e mulheres, rapazes e moças, a bestar e conversar na praia. Doce é a companhia dos amigos, doce é a visão das mulheres em seus maiôs, doce é a sombra das barracas, e ali ficamos debaixo do sol, junto do mar, perante as montanhas azuis.
Ah, roda de amigos e mulheres, esses momentos de praia serão mais tarde momentos antigos. Um pensamento horrivelmente besta, mas doloroso. Aquele amará aquela; aqueles se separarão; uns irão para longe; uns vão morrer de repente; uns vão ficar inimigos. Um atraiçoará; outro fracassará amargamente; outro ainda ficará rico, distante e duro. E de outro ninguém mais ouvirá falar, e aquela mulher que está deitada, rindo tanto sua risada clara, o corpo molhado, será aflita e feia azêda e triste.
Atravessarei o ano na casa fraterna de Vinicius de Moraes. Estaremos com certeza bêbados e melancólicos - mas, em todo caso, meus amigos, se eu não ficar melancólico farei ao menos tudo para ficar bêbado. Como passam os anos! Ultimamente têm passado muitos anos. Mas não falemos nisso.
Rio, dezembro de 1945."
Rubem Braga poeticamente aborda o tema que nos persegue, nossa existência, a razão de tudo isso e no fim o que realmente vale a pena.
Vale a pena cultivar os amigos. São talvez a melhor coisa da vida. E como diria Renato Russo:
"É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há."
Forte abraço,

sábado, 25 de janeiro de 2014

MEU TRIBUTO A JIM MORRISON



Em 2011 realizei um grande sonho, que foi percorrer os caminhos que Jim Morrison fez em 1971 por Paris, Madri e Tanger, no Marrocos, poucos dias antes de morrer.






Para mim foi uma viagem mística. Eram os 40 anos de sua morte.

Na volta Polly me ajudou a fazer esse vídeo sensacional.

Sempre revivo aqueles dias a cada vez que assisto o vídeo...

Saudações "morrisonianas"...

NA TRINCHEIRA DO FALCON

Trincheira em Ovillers La Boisselle, França, durante a Batalha do Somme, em 1916.



NA TRINCHEIRA DO FALCON.

"Onde diabos esse rapaz arranjou esse nome para um blog?" 

Uma boa pergunta.

Inicialmente o "Falcon" faz menção ao meu apelido que ganhei no motociclismo. E para fazer justiça ao "pai da criança" preciso mencionar que o simpático codinome me foi dado pela figura ímpar e impoluta de "Paulada", um motociclista bem conhecido pelas estradas "brazucas". Um dia ainda faço um "post" falando dele, o homem que "engole vento e come asfalto".

Ao pensar em um blog eu queria colocar nele os assuntos de minha preferência, as coisas que mais gosto. E como meus gostos são um tanto variados, eu pensei em um nome que traduzisse essa minha "salada" de afinidades.

Porque uma trincheira? Queria que a imagem pudesse passar a ideia de uma profusão de coisas, juntas, bagunçadas, enfim, não somos todos multifacetados?

As trincheiras típicas da Primeira Guerra Mundial eram verdadeiras "cidades escondidas" em quilômetros de corredores. Nas paredes os soldados organizavam tudo, desde abrigos subterrâneos, depósitos de munição, comida, até pequenos armários improvisados, como podemos perceber na foto.

Ou seja, a trincheira é uma verdadeira "zona", tem de tudo, a Polly diria que parece com o meu escritório, ou "quarto da bagunça".

Achei essa alusão genial, afinal tenho minhas raízes militares, acreditem ou não, sou um 2º Tenente de Infantaria do Exército Brasileiro e também tenho a História Militar como uma de minhas grandes paixões.

A trincheira da foto ficava nos arredores de Ovillers La Boisselle, na França. Ela pertencia aos alemães, mas foi tomada e ocupada pelo 11º Batalhão do Regimento Cheshire, do Exército Britânico, durante a Batalha do Somme, em 1916. Podemos ver na rara imagem um soldado inglês vigiando a "terra de ninguém" e outros descansando. A foto é de Ernest Brooks.

Bem, é mais ou menos isso. Sou inexperiente em assuntos "informáticos", terão de ter paciência comigo, estou começando a aprender a usar essa ferramenta. Esse é um blog gratuito, quem sabe, se gostar mesmo da ideia faço um mais "profissional" um dia.

Preciso mencionar que Polly e meu amigo Paulo Fernandes foram os grandes incentivadores da ideia. Muitos outros amigos também tem sua parcela de culpa: Tulio Dantas é um deles. Portanto se acharem isso aqui uma "droga" reclamem com eles. Ou "metam o pau" nos comentários dos posts.

Nasce assim, humildemente e sem grandes pretensões, o NA TRINCHEIRA DO FALCON.

Bem vindos.