Tive a oportunidade, e o privilégio, de morar por 2 anos em São Paulo. Aprendi a amar a megalópole paulista, antes temida. Durante esse tempo eu escrevi alguns textos variados sobre a vida na cidade, atrações, etc.
Os textos são de 2008 e 2009. Eram apenas algumas observações, sem grandes expectativas, nunca esperava divulgá-los, a maioria foi enviada como e-mails a amigos. A primeira coisa que me marcou em Sampa foi a agenda de shows de grandes bandas internacionais. Impressionante. E o ano de 2008 foi prolífico nesse quesito, dezenas de grandes nomes se apresentaram na cidade. Pude conferir esses shows de perto.
Como uma banda que grava seu disco "ao vivo" e evita "overdub" eu vou publicar os textos como escrevi na época, sem correções ou edições. Engraçado como a gente pode mudar em 6 ou 7 anos. Foi divertido reler minhas palavras de quase uma década atrás.
Resolvi chamar esses textos de "Cartas da Paulicéia Desvairada". A primeira publicação que compartilho aqui no blog data de 25/02/2008 e fala sobre a "maratona" de shows que a cidade veria.
Espero que gostem, e que comentem suas impressões abaixo.
"Combatentes e demais amigos,
eis que teve início a grande maratona de
shows do bom e velho rock n' roll aqui em São Paulo. E estar aqui nesses dias é
mesmo um privilégio.
Lembro bem do entusiasmo com que os
amigos PRAF e Falabella narraram suas experiências em 2007, respectivamente nos
shows de Roger Waters e Pearl Jam.
Esses eu perdi, lamentavelmente.
Mas vamos ao som.
Ontem, 24/02/2008, o Credicard Hall
chacoalhou com o lendário Deep Purple, que trouxe ao Brasil a turnê do
cd/dvd "Live At Montreux".
O Purple, desde o primeiro disco, Shades
of Deep Purple (1968), vem destilando clássicos e mais clássicos. Pérolas
como "Highway Star", "Strange Kind Woman",
"When a Blind Man Cries", "Smoke On The Water",
"Into The Fire", "Child In Time", dentre outros petardos...
Eles lançaram alguns dos discos que hoje
são discografia básica e obrigatória para o amante do rock: In Rock (1970),
Fireball (1971), Machine Head (1972), Maden In Japan (1972), etc...
O álbum Machine Head é aquele da mitológica "Smoke On The Water". O Purple
tinha ido a Montreux, Suíça, para gravar o disco em dezembro de 1971. Lá, foram
ver um show de Frank Zappa no mesmo cassino onde acontece o famoso festival de
jazz. No meio do show ocorre um incêndio e o próprio Zappa anuncia aos
berros no microfone: FOGO. Resultado: gritos... correria... caos...
Isso e o resto da história você pode
conferir na verídica letra de "Smoke On The Water".
Voltando ao show de ontem os senhores
Ian Gillan (voz), Steve Morse (guitarra), Don Airey (teclados), Roger Glover
(baixo) e Ian Paice (bateria) não decepcionaram. Gillan continua com poderosa
voz. Paice destrói a bateria com precisão, Airey não deixa saudade do
tecladista da formação original Jon Lord (acho que cometi uma heresia aqui), Steve Morse simplesmente arrebenta
na guitarra. O cara é muito bom. Ele tem a responsabilidade de substituir o
lendário Ritchie Blackmore, que abandonou a banda em plena turnê, em 1994.
Para mim o que mais impressionou foi a
vitalidade dos caras. Imaginei que veria um grande show mas a idade deveria
pesar. Que nada, os caras deram tudo.
Acho que o público contribuiu para isso.
A platéia, bem heterogênea, "tiozões" na faixa dos 60 e 50, a garotada de 16 a 20
e poucos e uma turma trintona, onde me encaixo. (Hoje caminho mais próximo dos 50)
E o público cantou junto e certamente
os caras no palco se emocionaram com isso.
Resultado? Um puta show.
O local ajuda e muito. O Credicard Hall tem excelente
estrutura, acústica sensacional, além de confortável, tudo perfeito. Grande diferença dos
shows que vi no tétrico e "xexelento" ginásio do "Mineirinho" nos anos 1980.
O Purple vem ao Brasil desde 1991, em BH
tocaram em 1997, 1999, 2003, 2006.
Quem tiver a chance vá, quem foi sabe o
que significa.
Bom, semana que vem tem mais rock na agenda: Iron
Maiden dia 02/03/2008, Bob Dylan dias 05 e 06/03, Dream Theater dia 08/03. Em abril
tem o legendário Ozzy Osbourne e em maio o senhor Coverdale e seu Whitesnake.
Pretendo ir a todos, inclusive nos dois do Dylan.
Vida longa ao bom e velho rock n'roll.
It's only rock n'roll, but I like it...
I love it...
Abraços a todos,
Allysson"